Como ávidos consumidores que
somos e com inúmeras publicações corroborando essa afirmação, sentimos muito
prazer em comprar, em possuir um produto novo, em oferecer um novo recurso para
nossos clientes, enfim, sentimo-nos gratificados e essa sensação é inerente à condição
humana.
Entretanto, passado esse
momento de grata felicidade, chegou o momento de colocar o aparelho em uso e é sobre
isso que conversaremos aqui.
A utilização inicial de um
recurso, comumente, vem acompanhada de dúvidas, desde menores questionamentos,
como:
- o plugue do cabo de força encaixa
na tomada? (geralmente não, rsrs)
- até as mais complexas – o
tratamento ofertado terá demanda e, por conseguinte, rentabilidade?
Enfim, são situações naturais
que vivenciamos nesse momento.
O que não podemos considerar natural
é não termos as respostas para elas; quando isso ocorre, temos nossas dúvidas
metamorfoseadas em problemas, e alguns bem sérios. Assim, o que era uma fonte
de prazer e realização, torna-se um incômodo, desses que até nos privam do sono
(opa... mais um problema) e que se não é solucionado apresentam um único
caminho: aumentar.
Então, o que fazer?
Como primeira e principal
sugestão, sugiro PLANEJAR. Pode parecer um exagero a elaboração de um
planejamento para compra de aparelhos, mas, acredite, não é. Assim como tudo na
vida, um planejamento bem elaborado e, principalmente, colocado em prática, traz
inúmeros benefícios.
É o primeiro passo, sem ele
todas as demais ações incidem em riscos e desapontamentos. Ele pode ser simples
ou complexo, realizado de forma individual ou em equipe (melhores respostas), pode
também ser curto ou extenso, etc., ele só não pode faltar em seu
empreendimento. Existem muitas ferramentas de planejamento disponíveis como
Canvas, Effectuation, Trevo, Análise SWOT, e todos eles muito úteis. Você pode
também procurar ajuda em organismos de apoio como o Sebrae, Conselhos
Profissionais, etc., que orientam, principalmente nesse início do negócio.
Como o assunto é bastante específico
e analisando as principais dúvidas que colhi nesses 20 e poucos anos de
eletroterapia, descrevo a seguir, um cronograma que pode (e deve) ser utilizado
para a elaboração do seu planejamento.
1 - Qual(is) aparelho(s) preciso para iniciar?
Essa é uma dúvida muito comum
e possivelmente você já se fez essa pergunta. Ora, se é tão comum, porque ainda
a ouvimos diariamente de profissionais inserindo-se no mercado?
Simples, porque não existe uma
resposta única, ela depende de muitos fatores, como:
- área de atuação: corporal,
facial ou ambas?
- conhecimento: eu sei usar
esse aparelho?
- investimento: qual minha
disponibilidade de recursos financeiros?
- regulamentação profissional:
estou habilitada a usar esse aparelho?
- legalização: esse aparelho
está liberado pelas agências reguladoras?
- rentabilidade: esse
investimento se justifica?
- demanda de clientes: existe
procura para esse tratamento?
Enfim, é uma lista não
exaustiva de perguntas que precisam ser respondidas para uma aquisição segura e
livre de arrependimentos.
2 – Quais tratamentos pretende oferecer?
Antes de decidir sobre qual,
ou quais, aparelho comprar, decida quais tratamentos pretende oferecer
inicialmente. Minha recomendação é a oferta de tratamentos em que tenha mais
conhecimento e segurança para realizá-los. Não importa se ele é tradicional ou “do
momento”, se você não domina o assunto, busque o conhecimento necessário para
oferecê-lo. Acredite, seus clientes saberão que você não domina a técnica e
podem associar essa inexperiência para os demais tratamentos que oferece, mesmo
aqueles que você é expert.
Essa regra também vale para
aparelhos que desconhece. Com a constante evolução tecnológica, é possível que
encontre aparelhos indicados para o tratamento, mas que você nunca ouviu falar.
Busque o conhecimento previamente à oferta dele para seus clientes.
3 - Preciso realmente ter algum aparelho?
Decidida sobre qual área (ou
tratamentos) oferecer, analise quais são os aparelhos necessários, isto é,
quais foram os aparelhos que utilizou em sua formação. Não se prenda a marcas,
apenas ao recurso oferecido. Nessa avaliação, encontrará também, profissionais
que não utilizam aparelhos e, se essa for sua decisão, verifique como eles
atuam e se você possui o conhecimento e segurança para alcançar as mesmas
respostas sem esse recurso.
É importante lembrar que a oferta
de serviços, em regra geral, carece de mensuradores para avaliar a satisfação
do cliente e muitas vezes, mesmo oferecendo o melhor de si, o cliente não
retorna. Obviamente que nos tratamentos estéticos, o resultado é o principal
termômetro para o cliente. De nada adianta você oferecer recursos, gentilezas e
mimos, se o resultado não atingir, no mínimo, a expectativa do cliente.
Entretanto, a inclusão de aparelhos nos tratamentos é entendida por muitos
clientes como estritamente necessária, já que ele é leigo no assunto e pode
trocar seus serviços por um concorrente que tenha esse recurso.
Parece papo de vendedor, mas
imagine um mecânico avaliando um problema com seu carro. Ele liga o carro, ouve
o motor funcionando e conclui de forma enfática que o problema é X e, portanto,
trocará a peça Y. Você fica apreensiva pela forma como ele detectou o problema
e resolve levar noutro, para confirmar. Nessa outra oficina, outro mecânico
coloca seu carro num elevador apropriado e o suspende, com alguns cabos ele
liga seu carro a um notebook e, em seguida, aciona o software DETECTOR
AUTOMOTIVE PROBLEMS (nomenclatura meramente ilustrativa) que imprime um laudo
descrevendo o problema e sugerindo a solução. Em qual você confiará?
4 - Ok, vou comprar, mas qual?
Após decidir quais tratamentos
oferecer e quais são os aparelhos necessários, chegou o momento de
pesquisá-los. Os pontos que devem ser elencados são:
- As grandezas técnicas:
Potência, frequência, tensão, consumo, forma de emissão, indicações, apenas
para citar algumas. Esse ponto é fundamental e, portanto dedique um bom tempo
para isso. Cuidado para não confundir termos técnicos com nomenclaturas de
marketing. Termos como HIPERMEGABLASTERTUDO é muito bonito, mas pode não
atender às suas necessidades. Comparar as grandezas reais do aparelho, seja por
catálogos, por manuais, solicitando informações do vendedor, é o que vai
garantir que esteja comprando um produto que lhe atenda.
Um exemplo simples é verificar
se a alimentação do aparelho é compatível com a tensão elétrica disponível no
seu espaço. A maior incidência de consertos de aparelhos, no primeiro mês de
uso, é originada por sobretensão, isto é, ligar o aparelho na tensão superior à
indicada.
- Tamanho, peso e praticidade:
verifique qual o espaço ele tomará na sala; se ele vem com carrinho ou se você
possui móvel para acomodá-lo; se fizer homecare, veja se é de fácil transporte.
- Acessórios: verifique quais
acessórios acompanham o aparelho e, principalmente, os necessários para o
tratamento. Parece simples, mas é comum a oferta de aparelhos com valores mais
baixos, mas quando adicionados os acessórios necessários, aumentam muito seu
valor.
- Recursos adicionais:
relacione os recursos extras que o aparelho oferece, além dos recursos básicos
necessários. Pode ser outro tratamento, ou um alarme indicativo, etc. Esse
parâmetro deve ser utilizado na comparação, depois de atendidos os parâmetros
básicos.
- Tecnologia: atualmente os
melhores aparelhos possuem tecnologia chamada SMD. É uma tecnologia de montagem
que amplia o aproveitamento do circuito eletrônico, oferece mais recursos e
maior durabilidade que as antigas montagens PTH. Outro detalhe (mais aparente)
é a forma de operação através de telas touch screen (como os smartphones) e
softwares intuitivos que facilitam o manuseio, além de garantir mais segurança
nas aplicações.
- Garantia: verifique quanto
tempo é oferecido na garantia do aparelho. Mas, cuidado, existem garantias de
até 3 anos, mas apenas para alguns problemas mais simples e quando, por
ventura, precisar dela, verá que não lhe atende.
- Design: talvez muitas profissionais
não se atentem para a importância da apresentação do aparelho, mas ele faz
muita diferença. Além de agradar aos seus olhos, já que você o usará
diariamente, seus clientes também observam e aparelhos com apresentação muito
simples não transmitem a mesma confiança para quem usa. Esse não deve ser o
fator principal, obviamente, mas não pode ser descartado em sua decisão.
- ANVISA: a regulamentação
obrigatória, isto é, o registro do aparelho na ANVISA não é uma mera regra que
algumas empresas “espertas” tentam disseminar. Ela garante a segurança do
paciente e principalmente do profissional que utiliza o aparelho, já que
quaisquer intercorrências sérias no uso de um aparelho registrado, o fabricante
é corresponsável e o profissional não responderá solitariamente no problema.
Além disso, vender aparelho sem registro na ANVISA é crime, Lei Federal n.
9677/98, considerado como crime hediondo, sem direito a fiança, tamanho o risco
envolvido. E tem mais, o profissional que adquire aparelhos sem registro poderá
ser enquadrado como ativo de crime contra a saúde pública, conforme artigo 273
e 334 do código Penal. Não arrisque seu nome e seu trabalho por uma economia
mínima que poderá comprometer toda sua carreira.
- Pós-venda: com o advento da tecnologia as fronteiras
praticamente inexistem nas relações comerciais, a exceção talvez seja a
regulamentação obrigatória, conforme descrevemos anteriormente. As compras pela
internet crescem num ritmo acelerado e em nosso segmento não é diferente,
ampliando a concorrência e a oferta ao consumidor, devemos apenas tomar alguns
cuidados:
- Pesquisar a idoneidade da
empresa é um deles. Verifique em sites de defesa do consumidor, com colegas nas
redes sociais e, se puder, converse com quem já comprou.
- Verificar o conhecimento da
empresa no produto em questão é fundamental. Evite comprar de empresas que não
dominam, profundamente, os recursos do aparelho, apenas oferecem preços
menores. Em muito pouco tempo, o “preço menor” mostrar-se-á muito acima do que
imaginou, pois não encontrará o apoio e informações necessárias para a
utilização plena do produto e deixará de ganhar muito, além de ter que gastar
com treinamentos adicionais para o uso.
5 – Meu aparelho chegou...iupiiiii!!!!
Após dias de ansiedade você
recebe seus aparelhos. É um momento bem especial, aproveite. Essa experiência
de desembalar o aparelho, separar os acessórios, colocar sobre o móvel e local
escolhidos (em alguns casos, em montar o rack) é muito gratificante e mais
ainda se ela foi planejada, conforme citamos. Tire uma foto e mostre a seus
clientes e amigos.
O próximo passo, antes mesmo
de ligar na tomada é a leitura do manual. Sei que alguns manuais são sofríveis,
cheios de “legal, obrigado pela preferência” ou “você agora é integrante da
família X”, mas após as confraternizações você percebe que as instruções são
confusas, não são citados os princípios de funcionamento do aparelho e, ainda
pior, alguns manuais tem apenas 3 ou 4 páginas (sinceramente, nesse caso eu
devolveria, pois a empresa que faz isso tem uma imensa probabilidade de nem
saber o que está fabricando).
E mesmo assim, com todos os poréns,
recomendo a leitura. Leia o princípio de funcionamento; leia as instruções para
instalação, armazenamento e limpeza; o modo de operação; se há necessidade de
consumíveis e quais os indicados; e se ainda assim não estiver segura, contate
o local de compra (olha aí a necessidade de comprar numa empresa que domina o
assunto) e tire as dúvidas para aproveitar ao máximo a sua compra.
Outras dúvidas surgirão, é
natural, e deve sempre eliminá-las, mas essa etapa de conhecimento inicial é
fundamental.
E aí, você gostou das sugestões?
Faltou alguma informação?
Deixe seu comentário... vamos aprender juntos.
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