segunda-feira, 19 de outubro de 2015

COMPREI...E AGORA? - (tema: Aparelhos)


Como ávidos consumidores que somos e com inúmeras publicações corroborando essa afirmação, sentimos muito prazer em comprar, em possuir um produto novo, em oferecer um novo recurso para nossos clientes, enfim, sentimo-nos gratificados e essa sensação é inerente à condição humana.

Entretanto, passado esse momento de grata felicidade, chegou o momento de colocar o aparelho em uso e é sobre isso que conversaremos aqui.

A utilização inicial de um recurso, comumente, vem acompanhada de dúvidas, desde menores questionamentos, como:
- o plugue do cabo de força encaixa na tomada? (geralmente não, rsrs)
- até as mais complexas – o tratamento ofertado terá demanda e, por conseguinte, rentabilidade?
Enfim, são situações naturais que vivenciamos nesse momento.

O que não podemos considerar natural é não termos as respostas para elas; quando isso ocorre, temos nossas dúvidas metamorfoseadas em problemas, e alguns bem sérios. Assim, o que era uma fonte de prazer e realização, torna-se um incômodo, desses que até nos privam do sono (opa... mais um problema) e que se não é solucionado apresentam um único caminho: aumentar.

Então, o que fazer?

Como primeira e principal sugestão, sugiro PLANEJAR. Pode parecer um exagero a elaboração de um planejamento para compra de aparelhos, mas, acredite, não é. Assim como tudo na vida, um planejamento bem elaborado e, principalmente, colocado em prática, traz inúmeros benefícios.

É o primeiro passo, sem ele todas as demais ações incidem em riscos e desapontamentos. Ele pode ser simples ou complexo, realizado de forma individual ou em equipe (melhores respostas), pode também ser curto ou extenso, etc., ele só não pode faltar em seu empreendimento. Existem muitas ferramentas de planejamento disponíveis como Canvas, Effectuation, Trevo, Análise SWOT, e todos eles muito úteis. Você pode também procurar ajuda em organismos de apoio como o Sebrae, Conselhos Profissionais, etc., que orientam, principalmente nesse início do negócio.

Como o assunto é bastante específico e analisando as principais dúvidas que colhi nesses 20 e poucos anos de eletroterapia, descrevo a seguir, um cronograma que pode (e deve) ser utilizado para a elaboração do seu planejamento.

1 - Qual(is) aparelho(s) preciso para iniciar?

Essa é uma dúvida muito comum e possivelmente você já se fez essa pergunta. Ora, se é tão comum, porque ainda a ouvimos diariamente de profissionais inserindo-se no mercado?

Simples, porque não existe uma resposta única, ela depende de muitos fatores, como:
- área de atuação: corporal, facial ou ambas?
- conhecimento: eu sei usar esse aparelho?
- investimento: qual minha disponibilidade de recursos financeiros?
- regulamentação profissional: estou habilitada a usar esse aparelho?
- legalização: esse aparelho está liberado pelas agências reguladoras?
- rentabilidade: esse investimento se justifica?
- demanda de clientes: existe procura para esse tratamento?
Enfim, é uma lista não exaustiva de perguntas que precisam ser respondidas para uma aquisição segura e livre de arrependimentos.

2 – Quais tratamentos pretende oferecer?

Antes de decidir sobre qual, ou quais, aparelho comprar, decida quais tratamentos pretende oferecer inicialmente. Minha recomendação é a oferta de tratamentos em que tenha mais conhecimento e segurança para realizá-los. Não importa se ele é tradicional ou “do momento”, se você não domina o assunto, busque o conhecimento necessário para oferecê-lo. Acredite, seus clientes saberão que você não domina a técnica e podem associar essa inexperiência para os demais tratamentos que oferece, mesmo aqueles que você é expert.

Essa regra também vale para aparelhos que desconhece. Com a constante evolução tecnológica, é possível que encontre aparelhos indicados para o tratamento, mas que você nunca ouviu falar. Busque o conhecimento previamente à oferta dele para seus clientes.

3 - Preciso realmente ter algum aparelho?

Decidida sobre qual área (ou tratamentos) oferecer, analise quais são os aparelhos necessários, isto é, quais foram os aparelhos que utilizou em sua formação. Não se prenda a marcas, apenas ao recurso oferecido. Nessa avaliação, encontrará também, profissionais que não utilizam aparelhos e, se essa for sua decisão, verifique como eles atuam e se você possui o conhecimento e segurança para alcançar as mesmas respostas sem esse recurso.

É importante lembrar que a oferta de serviços, em regra geral, carece de mensuradores para avaliar a satisfação do cliente e muitas vezes, mesmo oferecendo o melhor de si, o cliente não retorna. Obviamente que nos tratamentos estéticos, o resultado é o principal termômetro para o cliente. De nada adianta você oferecer recursos, gentilezas e mimos, se o resultado não atingir, no mínimo, a expectativa do cliente. Entretanto, a inclusão de aparelhos nos tratamentos é entendida por muitos clientes como estritamente necessária, já que ele é leigo no assunto e pode trocar seus serviços por um concorrente que tenha esse recurso.

Parece papo de vendedor, mas imagine um mecânico avaliando um problema com seu carro. Ele liga o carro, ouve o motor funcionando e conclui de forma enfática que o problema é X e, portanto, trocará a peça Y. Você fica apreensiva pela forma como ele detectou o problema e resolve levar noutro, para confirmar. Nessa outra oficina, outro mecânico coloca seu carro num elevador apropriado e o suspende, com alguns cabos ele liga seu carro a um notebook e, em seguida, aciona o software DETECTOR AUTOMOTIVE PROBLEMS (nomenclatura meramente ilustrativa) que imprime um laudo descrevendo o problema e sugerindo a solução. Em qual você confiará?

4 - Ok, vou comprar, mas qual?

Após decidir quais tratamentos oferecer e quais são os aparelhos necessários, chegou o momento de pesquisá-los. Os pontos que devem ser elencados são:

- As grandezas técnicas: Potência, frequência, tensão, consumo, forma de emissão, indicações, apenas para citar algumas. Esse ponto é fundamental e, portanto dedique um bom tempo para isso. Cuidado para não confundir termos técnicos com nomenclaturas de marketing. Termos como HIPERMEGABLASTERTUDO é muito bonito, mas pode não atender às suas necessidades. Comparar as grandezas reais do aparelho, seja por catálogos, por manuais, solicitando informações do vendedor, é o que vai garantir que esteja comprando um produto que lhe atenda.
Um exemplo simples é verificar se a alimentação do aparelho é compatível com a tensão elétrica disponível no seu espaço. A maior incidência de consertos de aparelhos, no primeiro mês de uso, é originada por sobretensão, isto é, ligar o aparelho na tensão superior à indicada.

- Tamanho, peso e praticidade: verifique qual o espaço ele tomará na sala; se ele vem com carrinho ou se você possui móvel para acomodá-lo; se fizer homecare, veja se é de fácil transporte.

- Acessórios: verifique quais acessórios acompanham o aparelho e, principalmente, os necessários para o tratamento. Parece simples, mas é comum a oferta de aparelhos com valores mais baixos, mas quando adicionados os acessórios necessários, aumentam muito seu valor.

- Recursos adicionais: relacione os recursos extras que o aparelho oferece, além dos recursos básicos necessários. Pode ser outro tratamento, ou um alarme indicativo, etc. Esse parâmetro deve ser utilizado na comparação, depois de atendidos os parâmetros básicos.

- Tecnologia: atualmente os melhores aparelhos possuem tecnologia chamada SMD. É uma tecnologia de montagem que amplia o aproveitamento do circuito eletrônico, oferece mais recursos e maior durabilidade que as antigas montagens PTH. Outro detalhe (mais aparente) é a forma de operação através de telas touch screen (como os smartphones) e softwares intuitivos que facilitam o manuseio, além de garantir mais segurança nas aplicações.

- Garantia: verifique quanto tempo é oferecido na garantia do aparelho. Mas, cuidado, existem garantias de até 3 anos, mas apenas para alguns problemas mais simples e quando, por ventura, precisar dela, verá que não lhe atende.

- Design: talvez muitas profissionais não se atentem para a importância da apresentação do aparelho, mas ele faz muita diferença. Além de agradar aos seus olhos, já que você o usará diariamente, seus clientes também observam e aparelhos com apresentação muito simples não transmitem a mesma confiança para quem usa. Esse não deve ser o fator principal, obviamente, mas não pode ser descartado em sua decisão.

- ANVISA: a regulamentação obrigatória, isto é, o registro do aparelho na ANVISA não é uma mera regra que algumas empresas “espertas” tentam disseminar. Ela garante a segurança do paciente e principalmente do profissional que utiliza o aparelho, já que quaisquer intercorrências sérias no uso de um aparelho registrado, o fabricante é corresponsável e o profissional não responderá solitariamente no problema. Além disso, vender aparelho sem registro na ANVISA é crime, Lei Federal n. 9677/98, considerado como crime hediondo, sem direito a fiança, tamanho o risco envolvido. E tem mais, o profissional que adquire aparelhos sem registro poderá ser enquadrado como ativo de crime contra a saúde pública, conforme artigo 273 e 334 do código Penal. Não arrisque seu nome e seu trabalho por uma economia mínima que poderá comprometer toda sua carreira.

- Pós-venda:  com o advento da tecnologia as fronteiras praticamente inexistem nas relações comerciais, a exceção talvez seja a regulamentação obrigatória, conforme descrevemos anteriormente. As compras pela internet crescem num ritmo acelerado e em nosso segmento não é diferente, ampliando a concorrência e a oferta ao consumidor, devemos apenas tomar alguns cuidados:
- Pesquisar a idoneidade da empresa é um deles. Verifique em sites de defesa do consumidor, com colegas nas redes sociais e, se puder, converse com quem já comprou.
- Verificar o conhecimento da empresa no produto em questão é fundamental. Evite comprar de empresas que não dominam, profundamente, os recursos do aparelho, apenas oferecem preços menores. Em muito pouco tempo, o “preço menor” mostrar-se-á muito acima do que imaginou, pois não encontrará o apoio e informações necessárias para a utilização plena do produto e deixará de ganhar muito, além de ter que gastar com treinamentos adicionais para o uso.

5 – Meu aparelho chegou...iupiiiii!!!!

Após dias de ansiedade você recebe seus aparelhos. É um momento bem especial, aproveite. Essa experiência de desembalar o aparelho, separar os acessórios, colocar sobre o móvel e local escolhidos (em alguns casos, em montar o rack) é muito gratificante e mais ainda se ela foi planejada, conforme citamos. Tire uma foto e mostre a seus clientes e amigos.

O próximo passo, antes mesmo de ligar na tomada é a leitura do manual. Sei que alguns manuais são sofríveis, cheios de “legal, obrigado pela preferência” ou “você agora é integrante da família X”, mas após as confraternizações você percebe que as instruções são confusas, não são citados os princípios de funcionamento do aparelho e, ainda pior, alguns manuais tem apenas 3 ou 4 páginas (sinceramente, nesse caso eu devolveria, pois a empresa que faz isso tem uma imensa probabilidade de nem saber o que está fabricando).

E mesmo assim, com todos os poréns, recomendo a leitura. Leia o princípio de funcionamento; leia as instruções para instalação, armazenamento e limpeza; o modo de operação; se há necessidade de consumíveis e quais os indicados; e se ainda assim não estiver segura, contate o local de compra (olha aí a necessidade de comprar numa empresa que domina o assunto) e tire as dúvidas para aproveitar ao máximo a sua compra.

Outras dúvidas surgirão, é natural, e deve sempre eliminá-las, mas essa etapa de conhecimento inicial é fundamental.

E aí, você gostou das sugestões? Faltou alguma informação?

Deixe seu comentário... vamos aprender juntos.


Think You

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

LIPOCAVITAÇÃO - VOCÊ CONHECE?



Você já teve dúvidas em qual modelo de ultrassom adquirir?
As nomenclaturas utilizadas: lipocavitação, ultracavitação, ultrassom de alta potência, ultrassom cavitacional, etc., confundem você?

Se as respostas para as 2 questões forem positivas, separe alguns minutos do seu tempo e leia um pouco mais.

Responder sim para essas questões é muito mais comum que você imagina. A propaganda utilizada pelas empresas é muito criativa e com frequência vemos a utilização de termos que combinem o tratamento com a tecnologia. Infelizmente, quando essas divulgações limitam-se às nomenclaturas comerciais e desconsideram as informações técnicas relevantes, o profissional acaba induzido ao equívoco e muitas vezes decepcionado com o produto.

Apesar da complexidade do tema, apresentarei uma didática bem simples e direta priorizando nesse post a utilização do ultrassom na estética. Ao final dessa leitura, você terá informações suficientes para auxiliá-la em suas decisões de compra, assim como em avaliar o melhor tratamento para seus clientes.

Separei o assunto em tópicos, para explicar detalhadamente as principais características do ultrassom.

Cavitação do Ultrassom

O primeiro passo para entendermos como agem os diferentes modelos de ultrassom é desmistificar o termo CAVITAÇÃO. Denominar um modelo de ultrassom como cavitacional é puro pleonasmo, já que TODOS os ultrassons do mercado são cavitacionais e não é esse adjetivo que os diferenciam.

Por exemplo, se nos depararmos com 2 modelos de US, sendo um deles intitulado como ULTRASSOM CAVITACIONAL FOCALIZADO e o outro como ULTRASSOM FOCALIZADO, desconsiderando as grandezas técnicas e analisando somente a titulação, estamos falando do mesmo tipo de ultrassom.

Enfatizo então, que todo ultrassom É cavitacional, contudo a amplitude da sua cavitação pode ser (e geralmente é) diferente para cada modelo, devido às demais características envolvidas como frequência, forma de emissão e potência.

Em tempo, cavitação é a formação de cavidades (bolhas) num líquido por efeito de uma redução da pressão total.

Frequência da Emissão Ultrassônica

A frequência de emissão é uma variável medida em Hz (Hertz) que significa ciclos por segundo. Por exemplo, citando um ultrassom de 3 MHz (Mega-hertz), temos nesse modelo, o cristal piezoelétrico vibrando (comprimindo e dilatando) 3.000.000 (3 milhões) de vezes por segundo. É mesmo muita coisa, muita tecnologia. E por esse motivo que a normatização sugere a aferição a cada 6 meses (mínimo) e 12 meses (máximo).

Explicada a frequência, o próximo passo é classificá-las e no ultrassom, conceitualmente, dividimos em 2 grupos: ALTA e BAIXA.
A linha divisória é a frequência de 100.000 Hz, ou seja, ultrassons de até 100.000 Hz são classificados como de baixa frequência e acima disso, US de alta frequência.

É muito comum a publicação de várias grandezas para definir a frequência de US e por esse motivo, descrevo uma tabela de conversão, com alguns exemplos, para facilitar a leitura dentre os vários modelos existentes.

Tabela de conversão de frequências
Grandeza
Frequências
Mega-hertz (MHz)
3,0
1,0
0,95
0,08
0,04
Kilo-hertz (kHz)
3.000
1.000
950
80
40
Hertz
3.000.000
1.000.000
950.000
80.000
40.000

Alta Frequência
Baixa Frequência

Assim, quando ler 1,0 MHz, nada mais é que 1.000 kHz ou 1.000.000 de Hertz.  

Sei que muitas profissionais já sabem, mas nunca é demais lembrar: nos ultrassons, quanto maior a frequência de emissão, menor sua profundidade, e vice-versa. Por vezes, lendo números de frequências tão altos, podemos nos confundir, acreditando que 3.000.000 de Hz alcançaria profundidades maiores, mas é exatamente o inverso e explicaremos adiante os motivos.

Espero que o conteúdo esteja lhe agradando. Estudo eletroterapia há mais de 20 anos e sei bem como é complexo, mas vale a pena, pois quando bem esclarecido, você encontrará muito mais facilidades em sua utilização, proporcionando maior segurança e resultados para seus clientes.

Forma de Emissão Ultrassônica

A forma de emissão ultrassônica está relacionada com o formato físico do transdutor - ou cabeçote como é mais conhecido. Existem transdutores com formato plano ou côncavo, mas para ter certeza é preciso verificar cada modelo com o fabricante, pois o transdutor pode ter a face externa plana e internamente possuir um desenho côncavo alterando assim a emissão do ultrassom.

A tabela a seguir mostra os vários modelos existentes

Formato Interno
Formato Externo
Emissão Ultrassônica
Plano
Plano
Divergente
Plano
Côncavo
Focalizada
Côncavo
Plana
Focalizada

Apesar de listar na tabela apenas as formas de emissão: Divergente e Focalizada, existem divulgações de produtos com emissão colimada, mas como pesquisei bastante e não encontrei publicações sobre essa forma, prefiro não comentar.

Ilustração das formas de emissão ultrassônica




Emissão Divergente: essa forma de emissão é considerada tradicional, já que sua utilização é realizada há décadas. É encontrada nos ultrassons com transdutores (cabeçotes) com formato plano de emissão, interna e externamente.

Emissão Focalizada: essa forma de emissão, conhecida também como H.I.F.U que é o acrônimo de High Intensity Focused Ultrasound. É encontrada em ultrassons com transdutores côncavos, na parte externa ou interna. A profundidade do ponto focal é definida pelo ângulo/dimensões da parte côncava e pelas diferenças nessas medidas é que existem aplicadores com distintas indicações de profundidade.

Profundidade de Alcance da Emissão Ultrassônica

O poder de profundidade da emissão ultrassônica relaciona-se com 3 principais características:
1-   Frequência de emissão: Alta ou Baixa
2-   Forma de emissão: Plana ou Focalizada
3-   Potência: em Watts

É importante lembrar que estou considerando um mesmo meio de propagação, já que diferentes tecidos e suas espessuras e diversos tipos de agentes acopladores (géis) e suas características, influenciam diretamente na qualidade da penetração da onda ultrassônica.

Falamos de frequência há pouco e vimos que num ultrassom de 3 MHz existem 3.000.000 de ciclos dentro de um segundo. Para que esses milhões de ciclos caibam dentro de 1 segundo, eles precisam ser comprimidos consideravelmente.
Agora, se fizermos a mesma análise com um ultrassom de baixa frequência, por exemplo, com frequência de 40 kHz, precisamos dispor de apenas 40.000 ciclos dentro de 1 segundo.  Vejam que essa quantidade de ciclos dentro do período é 75 vezes menor se compararmos com 3 MHz.

A seguir, coloquei uma imagem ilustrativa para demonstrar a compressão (F = 3 MHz) e rarefação (F = 40 kHz), quando dispomos os ciclos num gráfico.








Essas características - compressão ou rarefação - consequentes da frequência de emissão, são fundamentais para entendermos o poder de profundidade do ultrassom.

E sabe por quê???

Quando temos ondas muito comprimidas, logo, alta frequência (acima de 100 kHz), o seu poder de profundidade é reduzido pela dificuldade de permeação, caracterizado pela atenuação (enfraquecimento) da onda ultrassônica. Essa atenuação se dá por 2 principais fatores:

1 – Absorção: os tecidos superiores ao tecido alvo (nesse caso, a camada adiposa) absorvem uma boa parte da energia gerada pelo ultrassom.

2 – Espalhamento: a onda sônica, ao atritar-se com os tecidos superiores ao tecido alvo, se espalha, perdendo parte de sua energia.

Com a baixa frequência (abaixo de 100 kHz) a ocorrência é distinta, pois como as ondas estão menos comprimidas (rarefeitas) conseguem maior profundidade, já que a ocorrência de atenuação é bem menor.


Constatamos então, a importância da frequência de emissão quando analisamos a profundidade das ondas ultrassônicas. Mas ela não é a única, temos que analisar o formato da emissão sônica e a potência do aparelho.

Vimos anteriormente 2 formas de emissão sônica: a divergente, originada por aplicadores de faces planas e a focalizada, gerada por aparelhos com aplicadores côncavos.

Na emissão focalizada toda a potência emitida é direcionada para um único ponto focal, ampliando consideravelmente sua energia e minimizando os efeitos da atenuação. Dessa forma a profundidade útil, aquela em que conseguimos depositar energia suficiente para o processo cavitacional é bem maior, se compararmos com um ultrassom de emissão plana.

O último componente dessa equação, mas não menos importante é a potência, isto é, a quantidade de Watts que o aparelho de ultrassom emite. Temos aparelhos com 7, 10, 20, ..., até 100 Watts disponíveis no mercado e a oferta de potência, por vezes, supre a atenuação existente na aplicação e proporciona maior poder cavitacional.

Mas a definição, se esse ou aquele é mais potente, não é suficiente olhando apenas a etiqueta ou o manual do aparelho e explico facilmente o motivo. Quando utilizamos um ultrassom de emissão plana, precisamos considerar a densidade energética, ou seja, quantos watts por cm² são emitidos pelo aparelho, já que a distribuição de energia pelo emissor não é uniforme. Para esse cálculo precisamos saber a potência total em Watts e dividi-la pela ERA, acrônimo de Effective Radiation Area ou Área Efetiva de Radiação. Vejo com alguma frequência, a confusão entre o tamanho do aplicador e a ERA. Podemos encontrar ultrassons com 50 cm² de área, mas com ERA de 5 cm². Portanto, tome cuidado para não confundir.

Já no ultrassom focalizado, a emissão da potência é direcionada para o ponto focal, que varia entre 0,5 e 1,5 cm². Notem que o ponto focal é o tamanho do foco e não a profundidade. É comum, nos ultrassons focalizados, a divulgação da profundidade de atuação, 1 cm, 2 cm, etc., mas quando essa energia chega ao limite dessa profundidade, qual o seu tamanho? Esse é o ponto focal.

Exemplificando a potência, temos:

- Ultrassom plano com potência de 60 Watts e ERA de 20 cm² = Densidade energética de 3 W/cm² (60/20), ou seja, se houvesse uma transmissão plena do aplicador para o tecido, teríamos a incidência de 3 Watts para cada cm² da área de aplicação.
- Ultrassom focalizado com potência de 30 Watts e ponto focal de 1,5 cm² = Potência no ponto focal de 20 W/cm² (30/1,5), ou seja, quase 7 vezes a densidade energética de um ultrassom plano, mesmo com metade da potência total.

Após a apresentação das principais variáveis do ultrassom, podemos afirmar:

- Ultrassons de baixa frequência alcançam maior profundidade que os Ultrassons de alta frequência e por esse motivo possibilitam maior poder cavitacional, o que é muito desejável. Entretanto, essa “maior profundidade” é bem maior que a profundidade alvo nas aplicações estéticas, podendo inclusive ultrapassar toda a dimensão do paciente/cliente. Felizmente, já existem maiores estudos sendo realizados para melhor orientação do seu uso.

- Ultrassons Focalizados tem maior capacidade cavitacional que os ultrassons planos, pois é menos afetado pela atenuação no atrito com outros meios (ar, gel, tecidos). Entretanto, sua aplicação é através de disparos a cada ponto focal, o que eleva bastante o tempo de tratamento de grandes áreas e quando não realizada de forma ortodoxa, apresenta resultados limitados. Também possui uma limitação de indicações, com foco principal no combate a gordura localizada.

- Ultrassons planos tem mais limitações de profundidade e com isso, o poder cavitacional é menor, mas ainda são os mais abrangentes para os tratamentos estéticos. Além de auxiliar muito no combate a gordura localizada, atuam no processo regenerativo (POs), na associação com dermocosméticos (fonoforese), redução de hematomas, apenas para citar algumas. Também é o aparelho que mais permite associações, algumas delas simultaneamente, como vemos nos equipamentos de Terapia Combinada e que potencializam muito os resultados.

Bom, será que conseguimos responder às questões iniciais? Relembrando-as:

- Você já teve dúvidas em qual modelo de ultrassom adquirir?

Espero que as informações tenha lhe ajudado nessa decisão e arrisco mais um conselho: numa decisão de compra, elenque os objetivos a médio e longo prazo. Em regra, o valor desse investimento é alto e não o limite apenas na indicação do momento. Analise de forma abrangente, tudo que deseja fazer com ele, para depois sim, investir.

- As nomenclaturas utilizadas: lipocavitação, ultracavitação, ultrassom de alta potência, ultrassom cavitacional, etc., confundem você?

Vimos que todo ultrassom é cavitacional, portanto, desconsidere esse termo nas comparações.
Quando estudamos frequência ultrassônica consideramos a divisão em alta (acima de 100 kHz) e baixa (abaixo de 100 kHz). Isso é uma convenção internacional e deve ser seguida por todos os públicos envolvidos.
Já os termos ultracavitação, lipocavitação, ultrassom de alta potência não possuem uma convenção que os determinem, assim todos podem usá-los da maneira que acharem melhor. É claro que ninguém vai utilizar a denominação de alta potência para um ultrassom de 5 watts (assim espero...rsrs), mas é apenas por bom senso.
Então, procure mais informações sobre o aparelho que está comprando ou utilizando. Conheça suas grandezas técnicas e decida de posse dessas informações e não sobre títulos ou empoderamentos comerciais.
Quando presenciar resultados de tratamentos que lhe chame a atenção e, naturalmente, desejar o produto em seus tratamentos, verifique suas características e não somente o nome utilizado.

É importante enfatizar que os resultados do ultrassom dependem, não só das variáveis descritas, mas de outros fatores como objetivos dos tratamentos, segurança, confiança na utilização, contraindicações, respostas fisiológicas individuais, associação com outras técnicas e produtos, além de mais algumas características técnicas menos comentadas, como razão de pulso, tipos de pulsado, etc.

O objetivo principal dessa postagem é auxiliá-la no conhecimento de um recurso tão importante, apresentando, ainda que de forma simplificada mas factual, as principais variáveis desse produto.

Espero que tenha gostado.

Até breve

Think You



(O nosso MUITO OBRIGADO é um trocadilho carinhoso com nosso nome, pois nosso maior agradecimento é sempre PENSARMOS A BELEZA COMO VOCÊ!!!)

sábado, 8 de agosto de 2015

Quando todos perdemos




Amigas e amigos, nesse domingo veremos mais um capítulo da novela “Polemizar para vender”, financiado pela maior rede midiática desse país. O tema será Criolipólise e se precisasse apostar, diria que será polêmica, mercantilista e desinformante.
Bom, saberemos o resultado concreto na segunda pela manhã, mas quando vejo milhões de leigos, com a visão completamente deturpada por matérias falaciosas, reverberando seus achismos a outros milhões, o presságio não é bom.
Independente do produto que teremos nas mãos nessa segunda-feira é relevante elencarmos algumas questões envolvidas neste tema.
A mais óbvia, certamente, é a baixa (ou nenhuma) profundidade jornalística que acompanhamos nos meios de comunicação, onde mais vale uma polêmica que gere audiência às informações embasadas que realmente informem. E, não somente em matérias sobre saúde e beleza, mas em todas as áreas, seja política, econômica, esportiva, etc... o objetivo é polemizar para entreter.
Ao primeiro olhar, muitos minimizam essa questão, acreditando que a simples mudança de canal resolve o problema, ledo engano. Infelizmente, somos uma nação com pouco olhar crítico, ínfima leitura e altamente condescendente em temas gerais, confundindo pequenos (e alguns maiores) deslizes como parte do cotidiano.
A segunda questão envolvida é a disputa entre as classes profissionais. Ora, mas o que isso tem a ver com o equipamento oferecer ou não resultados??? A resposta é simples: tudo.
Existem muitos profissionais preocupados com os rumos dúbios que os segmentos da beleza e da saúde vivenciam, tenho inclusive o prazer de conhecer muitos deles e acompanhar suas lutas. Contudo, os interesses econômicos se sobressaem sobre quaisquer outros interesses envolvidos e esse segmento não foge à regra. Não quero aqui criticar o conceito dominante, cada um tem a sua opinião sobre o tema, quero apenas traduzir a fotografia, ou para citar a moda, a selfie em que estamos inseridos. Negá-la, além de utópica é uma visão ingênua.
Precisamos entender que a estética é um negócio e como qualquer outro negócio, possui como objetivo principal a lucratividade. E isso não é ruim, pelo contrário, essa visão propicia um maior profissionalismo, maiores investimentos, profissionais mais preparados, resumindo, a estética abandonou seu papel coadjuvante para ser uma das protagonistas na economia mundial.
O problema é que essa mudança, enfatizo, altamente positiva, não foi devidamente acompanhada pelos agentes públicos, tampouco pela legislação e essa incompetência deixou abertas imensas lacunas que estão sendo assumidas por àqueles que detêm o poder, absolutamente sem nenhum critério técnico específico e com isso, vemos um cenário com batalhas incessantes de todas as classes, por uma fatia desse bolo.
Nem preciso dizer (mas digo) que a corda vai estourar em seu ponto mais fraco e essa é a questão. Enquanto muitos perdem tempo tentando encontrar esse ponto, não enxergam que o cenário resultante é traduzido pelo corretíssimo adágio popular “a corrente é tão forte quanto seu elo mais fraco”, ou seja, essa luta de classes (ou egos) enfraquece sobremaneira o elo vulnerável, não importando qual seja, mas quando ele se romper, toda corrente quebrar-se-á e todos perdem.
Concordo que devemos estabelecer direitos e deveres para o segmento e todos os profissionais envolvidos, mas discordo da forma como tentam nortear esses preceitos, utilizando-se apenas o poder como critério. É de conhecimento público que existem em todas as classes, profissionais e profissionais, e se utilizar de casos pontuais para definir quem é mais preparado para isso ou aquilo é, no mínimo, equivocado. Fica o alerta para, depois da matéria televisiva, não apontarmos o dedo de forma generalizada, para nenhuma classe, mas sim, analisarmos o que podemos fazer para corrigirmos desvios e condutas que enfraquecem o segmento como um todo.
Outra questão que quero abordar é a relação que os equipamentos tem nesse contexto.
Ainda não sei o conteúdo da matéria, mas tenho uma certeza: a mocinha da história, ops, da matéria, será a Anvisa, podem apostar. Mas a questão é: ela merece tal honraria?
Antes de opinarmos, vamos entender o processo de fabricação de equipamentos, aqui no Brasil.
A indústria brasileira de equipamentos eletromédicos e eletroestéticos é uma das mais fortes do mundo. É a mais avançada tecnologicamente de todo o hemisfério sul e mesmo comparando com as potências mundiais no segmento, a distância é mínima.
Talvez muitos desconheçam, mas é muito mais difícil e oneroso, desenvolver um equipamento no Brasil, que na Europa e na Ásia, por exemplo. Para certificar um equipamento, no Brasil, na Europa e na Ásia, eles passam por ensaios em laboratórios credenciados por organismos reguladores (aqui no Brasil, o Inmetro), utilizando como referência as normas da IEC (International Electrotechnical Commission). A diferença muito significativa, é que no Brasil a norma IEC utilizada é específica para produtos eletromédicos, enquanto na Europa e Ásia, a IEC utilizada é para Low Voltage (Baixa Voltagem). Essa IEC é a mesma que certifica um eletrodoméstico, ou seja, apenas valida as grandezas elétricas do produto. Já as normas utilizadas para certificar um produto nacional, possuem variantes específicas para ultrassom, diatermia, eletroestimulação, apenas para citar algumas delas.
Além disso, as empresas brasileiras sofrem auditoria regularmente, para verificação permanente de seus processos fabris.
Após a aprovação da certificação técnica, todos esses documentos do produto seguem para análise da Anvisa, que verifica a compatibilidade do produto com sua destinação, isto é, suas propriedades elétricas com suas indicações de uso. E como todo bom público de sanção, a burocracia é infindável. Mesmo existindo leis que determinam um prazo de 3 meses para análise, não é raro vermos prazos de 15 meses para obtenção do registro.
Mas todo esse processo regulatório, não impede que produtos apresentem falhas em sua utilização e, exatamente por isso, a Anvisa possui um canal de comunicação, o qual pode, e deve, ser utilizado por qualquer cidadão para denunciar possíveis problemas.
É importante também esclarecer duas dúvidas comuns aos profissionais: 1) a Anvisa exige estudos sobre a finalidade do produto? 2) a Anvisa determina quais os profissionais que podem utilizá-lo?
Acreditem, mas a resposta para as duas questões é: mais ou menos... Explico: a Anvisa exige literatura e/ou estudo científico sobre o produto e sua finalidade, mas não de forma sistemática e nem com critérios claros. Por exemplo, uma empresa envia documentos de um aparelho de Alta Frequência para registro e coloca como uma das indicações, o tratamento de úlceras (excelente, por sinal), mas ela não manda literatura comprovando essa indicação, logo terá seu pedido de registro indeferido. Já outra empresa envia documentos para o registro do mesmo aparelho (com outro nome e layout) e coloca indicação apenas para fins estéticos (Oi?). Nesse caso a Anvisa defere o registro sem nenhum questionamento.
Já na segunda dúvida, sobre qual ou quais profissionais podem utilizar o equipamento, posso afirmar que esse tema está em evolução na Anvisa, mas atualmente ainda vale o que o fabricante afirmar e que ele seja um profissional da área, não importando o título. A Anvisa olha com mais criticidade se o produto for indicado para uso comum, ou seja, destinado a leigos. Nesse caso, existe uma análise profunda sobre a compatibilidade do produto com seu público.
Ainda sobre esse tema, fica uma recomendação, leia o manual e caso sua profissão não esteja descrita para uso, converse com o fabricante, pois você estará desprotegida aos olhos da Anvisa e poderá inclusive responder por uso ilegal de recursos, caso alguém a denuncie.
Para resumir a questão dos aparelhos, diria que é um recurso imprescindível, mas que exige pleno conhecimento do profissional. Se você nunca estudou o produto em sua formação, recomendo que busque orientações com seus professores e peça indicações de cursos que possa participar para oferecer segurança aos seus clientes.
A última questão, mas não menos importante, que abordo nesse longo texto são os cursos oferecidos, em especial, cursos sobre aparelhos.
A maioria dos cursos oferece, além do conteúdo teórico, aulas práticas com a técnica oferecida. É financeiramente inviável exigir que eles tenham todos os aparelhos existentes no mercado, dessa forma os cursos apresentam uma, no máximo, duas marcas de aparelhos para a aula prática.
Participo de vários cursos e vejo profissionais desatentos nas apresentações teóricas, aguardando, talvez, um protocolo rápido no momento das aulas práticas. Contudo, como não existem padrões de programação no desenvolvimento dos produtos e com a evolução tecnológica cada vez mais rápida,  eles diferem muito entre si. Como o aprendizado no curso resumiu-se a um protocolo específico no aparelho utilizado, basta ter outro produto em mãos para não saber o que fazer. Recomendo então, quando participarem de cursos, exigirem do ministrante uma abordagem ampla do tema e, se possível, dos muitos produtos existentes.

Acredito que existam ainda outras questões, mas considero as descritas como as mais relevantes para refletirmos e unirmos forças para colocar a Estética no patamar que lhe é de direito.

Think You

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O nascimento da WEB


No dia 6 de agosto de 1991, Timothy John Berners-Lee - físico britânico, cientista da computação e professor do MIT - publicou um pequeno resumo do projeto da World Wide Web no alt.hypertext newsgroup. Essa data marca o nascimento da Web como um serviço público da Internet.

“O projeto World Wide Web (WWW) tem por objetivo permitir que todas as ligações possam ser feitas com qualquer informação, não importa onde ela se encontre. [...] O projeto WWW foi lançado para permitir que os físicos de altas energias possam trocar informações, notícias e documentos. Estamos muito interessados em alargar a web a outras áreas e ter servidores de portas de ligação (Gateway) para outros dados. Os colaboradores são bem-vindos!” – extraído da primeira mensagem de Tim Berners-Lee.

Curiosamente, uma das primeiras contribuições do CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire) na Web foi a do grupo burlesco musical feminino Les Horribles CERNettes (As Horríveis Raparigas do CERN), cujas imagens de promoção passam por ser das primeiras imagens da Web.



Observando essa imagem e comparando com as milhões postadas, diariamente, nas redes sociais é possível afirmar que muito pouco mudou nesses últimos vinte e poucos...rsrs. Acredito que uma das principais mudanças seja a qualidade (ou exageros) das “photoshopagens atuais.

E essa é a imagem original, antes do photoshop.



No site Motherboard está a história completa (em inglês) de como uma foto aleatória levou 20 anos para ser reconhecida como a primeira publicada na web.

Bom, para nós, simples mortais, cabe agradecer ao Timothy e todos os demais pesquisadores que proporcionaram desfrutar da beleza que a mais poderosa ferramenta dos dias atuais oferece.

Think You

(Fonte: Wikipédia - https://goo.gl/599nPb)